Produção de mel e outros produtos de montanha
Material Formativo Relacionado
Adalid (Prevención de riesgos laborales)
Inteligencia Emocional
Fundos Europeus Relacionados:
FEDER 2014-2020
POCTEP 2014-2020
FEADER 2014-2020
Modelos de intervenção NOE:
Atividade especifica (serviço ou produto)
Produção de mel para a criação de emprego e inclusão social de pessoas com deficiência.
Objetivo
Comercialização de mel biológico.
Descrição técnica (necessidades / oportunidades identificadas, inovação, processo ou fases de descrição, necessidades de equipamento e instalações, design e marketing de produtos, etc.)
Produção de mel em Modo de Produção Biológico.
Equipamento apícola e manutenção
Para o apicultor
- Fato de cor clara e máscara, para proteção do corpo e da cara;
- Luvas de couro ou outro material, para proteção das mãos;
- Polainitos, para proteção dos tornozelos (ou calçado de cano alto).
Para as abelhas
- Colmeias e alças, para colocação do enxame e recolha do mel;
- Fumigador, para controlar a agressividade das abelhas;
- Raspador, levanta-quadros, garfo desoperculador e escova, para manuseamento das colónias.
Manutenção
Deve-se desinfetar o equipamento:
- Com frequência;
- Idealmente entre cada colónia inspecionada, mas pelo menos entre cada apiário;
- Sempre que se desconfia de uma colónia doente.
A desinfeção, em MPB, pode ser efetuada com:
- Chama direta ou vapor;
- Álcool;
- Imergindo o material em lixívia ou soluções de soda cáustica (hidróxido de sódio).
Gestão da produção em MPB
Procedimentos permitidos
- Eliminar criação de machos apenas para controlo da varroa.
- Substituição de rainhas por supressão da antiga.
- Tratamentos físicos (vapor de água e chama).
- Uso da própolis, cera e óleos vegetais no interior da colmeia.
- Uso excecional de cera de opérculos (convencional), sempre que não existir disponível no mercado cera de MPB.
- Alimentação artificial, mel da UP ou melaços de MPB, em caso de sobrevivência e fora da época de produção.
- Introdução até 10%/ano de enxames ou rainhas de apicultura convencional.
Procedimentos proibidos
- Destruir as abelhas nos favos, como método de colheita de mel.
- Mutilações (corte asas da rainha).
- O uso de repelentes químicos de síntese.
- Destruição de machos, exceto como método de controlo sanitário da varroa.
Procedimentos obrigatórios
- Registar o apiário e colmeias, e informar o OC da sua deslocação.
- Assegurar a adequada extracção, tratamento e armazenamento dos produtos da apicultura. Registar as medidas tomadas.
- Registar operações de remoção de alças e extração de mel.
- Registar o tipo, a dosagem, a data e as colmeias com alimentação artificial.
Controlo da população
Divisão de colónias/desdobramentos
- Processo simples para aumentar o efetivo apícola em MPB.
- Para evitar quebras de produção deve ser efetuado duas semanas antes do término da floração.
- Permite efetuar uma “seleção” de colónias.
- Contribui para a redução de infestação por varroa em 1/3, na colónia “filha”.
- Evita a enxameação.
Procedimentos de prevenção e tratamentos de doenças
Medidas preventivas
- Limpeza e desinfeção dos equipamentos em especial das luvas, raspador e levanta quadros, mediante o recurso à chama, álcool ou a soluções de soda cáustica.
- Instalação dos apiários em locais ventilados e secos.
- Colocação das colmeias sobre assentos e com ligeira inclinação para a frente.
- Limpeza anual dos estrados.
- Inspeção regular de reservas e postura.
- Substituição de quadros de cera, no mínimo 20% ao ano.
- Desdobramento de colónias selecionadas com elevado comportamento higiénico.
- Evitar a troca de quadros entre colmeias. Nestes casos deve registar-se a origem e destino do material transferido.
- Remover imediatamente do apiário as colmeias despovoadas e que apresentem sintomas de doença.
- Incineração de material contaminado.
- Substituição de rainhas.
- Diagnóstico anatomo-patológico bianual.
Aplicação de medicamentos veterinários
Medicamentos Fitoterapêuticos e Homeopáticos:
- É recomendado o isolamento das colónias em tratamento.
- Requer o registo do medicamento/princípio ativo, das dosagens, das datas de aplicação e intervalo de segurança.
- Não necessita de reconversão após o tratamento.
Medicamentos Alopáticos de síntese química:
- É obrigatória a colocação das colónias num apiário de isolamento.
- Requer a autorização de um médico veterinário.
- É proibida a utilização como prevenção.
- Requer o registo do medicamento/princípio ativo, das dosagens, das datas de aplicação e intervalo de segurança.
A re-introdução destas colónias no apiário implica:
- Substituição de ceras.
- Período de reconversão das colónias.
Sintomas da varroose
- Ácaros sobre as abelhas.
- Criação em mosaico.
- Abelhas deformadas.
- Abelhas com asas roídas, no interior e no exterior em redor da colmeia.
Métodos para o controlo biotecnológico em MPB
- Remoção de criação operculada de machos.
- Divisão das colónias.
- Aquecimento da criação.
- Isolamento da rainha e remoção da criação.
- Utilização de estrados de rede ou tubulares.
Substâncias permitidas para o controlo da varroa em MPB
- Ácidos Orgânicos: Ácido Fórmico, Ácido Láctico e Ácido Oxálico
- Óleos essenciais: Cânfora, Eucaliptol, Mentol e Timol
Extração e comercialização de mel
Parâmetros de qualidade do mel
- Teor em açúcares
- Teor de glucose e frutose – mel néctar >60%
- Teor de glucose e frutose – melada >45%
- Teor de sacarose <5%
- Teor de água <20%
- Condutividade elétrica <0,8 mS/cm
- Ácidos livres <50 meq/kg
- HMF <40 mg/kg
- Índice diastásico >8 na escala de Schade
Acondicionamento e transporte para o local de processamento
O transporte é feito em embalagens, contentores ou veículos apropriados, estando dispensados de os fechar se:
- Ocorrer entre operadores certificados para MPB.
- Acompanhado de uma ficha com identificação do operador, do produto e do OC.
O organismos de controlo de ambos os operadores tem de estar informado e autorizar os referidos transportes.
Descrição da unidade
- Instalações de receção, extração do mel, acondicionamento, rotulagem e armazenamento (antes e depois da extração);
- Medidas concretas a tomar na unidade para garantir o respeito pelo regulamento de MPB;
- Medidas de precaução a adoptar para reduzir os riscos de contaminação por produtos não autorizados, bem como as medidas de limpeza a aplicar em toda a cadeia de produção e armazenamento;
- Procedimentos de transporte de produtos.
Critérios obrigatórios na rotulagem em MPB
- Código do organismo certificador;
- Logótipo comunitário;
- Indicação de “Agricultura União Europeia” quando o produto tem origem na União Europeia.
Esta indicação pode ser complementada ou substituída pelo nome do país. (Deve ser apresentada no mesmo campo visual do logótipo e não pode figurar numa cor, tamanho ou em caracteres mais acentuados que a denominação de venda).
Requisitos normativos
Regulamento (CE) n.º 852/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, que estabelece as regras gerais destinadas aos operadores das empresas do setor alimentar no que se refere à higiene dos géneros alimentícios.
Regulamento (CE) n.º 853/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, que estabelece regras específicas de higiene aplicáveis aos géneros alimentícios de origem animal.
Portaria n.º 699/2008, de 29 de julho, que regulamenta as derrogações previstas no Regulamento (CE) n.º 852/2004, para determinados géneros alimentícios.
Portaria n.74/2014 de 20 de março, prevê a possibilidade de serem concedidas derrogações aos de pequena dimensão e/ou que fabricam produtos com características tradicionais, no que se refe erset aàbs ealneácilmiseesn tos microbiológicas.
Regulamento (CE) n.º 854/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, que estabelece que estabelece regras específicas de organização dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano.
Decreto-Lei n.º 113/06, de 12 de junho, visa assegurar a execução e garantir o cumprimento, no ordenamento jurídico nacional, das obrigações decorrentes desta nova regulamentação comunitária.
Regulamento (CE) n.º 178/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro de 2002, que determina os princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios.
Chaves para a viabilidade económica e fontes de financiamento (incluindo a mobilização de fundos europeus e outras chamadas público-privadas)
Convocatórias de fundos europeus: LIFE, INTERREG
Outro tipo de financiamento disponível: Entidades públicas e privadas ligadas à conservação e recuperação do meio ambiente, associações e empresas.
Análise SWOT
Pontos fortes
- Percentagem muito elevada de efetivo concentrada num reduzido número de apicultores;
- Forte implantação regional das organizações de apicultores, existência de técnicos com formação, com vontade de intervir no circuito de comercialização;
- Excelente potencial natural, elevada rusticidade e adaptação às nossas condições climáticas, da subespécie autóctone (Apis mellifera iberiensis), embora com necessidade de melhoramento);
- Acréscimo do número de Zonas Controladas, de 14 (2010) para 18 (2015), dos concelhos e do número de colmeias abrangidas;
- Localização das principais explorações apícolas no interior do país, em áreas pouco sujeitas à pressão humana;
- Acréscimo significativo da área de culturas e pastagens em MPB;
- O mel é um produto estável e seguro, fácil de enquadrar num sistema de rastreabilidade;
- Aumento significativo de licenciamentos de estabelecimentos de extração e processamento de mel;
- Aumento das centrais meleiras dedicadas à extração, embalamento e distribuição de mel.
Pontos fracos
- Formação técnica insuficiente, resultando numa deficiente aplicação de boas práticas de apicultura, em todas as fases da fileira;
- Baixa taxa de profissionalização do setor, uma percentagem muito elevada de pequenos apicultores concentra uma percentagem muito pequena do efetivo;
- Quase inexistência de maneio sanitário profilático e deficiente maneio terapêutico, com desajuste e incorreção dos tratamentos aplicados;
- Eficácia de apenas 70% dos produtos homologados para tratamento da varroa (resistências de 30%);
- Deficiente substituição de rainhas por parte dos apicultores;
- Aumento da mortalidade das abelhas, sem estarem ainda determinadas as causas exatas (pesticidas, Vespa velutina);
- Custos de produção da atividade apícola elevados em Portugal (medicamentos, embalagens, gasóleo);
- Fraca informação ao consumidor e outros agentes do mercado sobre as vantagens do consumo do mel;
- Não consolidação da imagem de qualidade associada ao mel no mercado nacional;
- Consumo relativamente baixo de méis DOP e MPB, devido a fatores como uma falta de estratégia de divulgação, prática de preços muito elevados e dificuldades de acesso nos locais de grande consumo;
- Falta de informação generalizada sobre os processos de criação, registo e reconhecimento de um nome protegido e elevados custos de contexto inerentes aos mecanismos de acompanhamento, garantia, certificação e controlo do mel de qualidade – DOP e MPB;
- Fraca concentração da oferta – reduzida expressão das organizações do setor ao nível da comercialização e pouca interferência em termos de capacidade negocial;
- Venda a granel como forma mais frequente de transação, com a consequente perda de mais-valia por parte dos apicultores e das suas organizações (mais valias recolhidas diretamente por redes de embaladores intermediários, exteriores ao setor);
- Falta de planeamento estratégico e insuficiente conhecimento do mercado;
- Falta de dimensão/capacidade para acesso a mercados de exportação;
- O preço do mel na União Europeia depende diretamente das flutuações do preço mundial.
Oportunidades
- Diversidade climática e orográfica do território, propícia à prática de transumância;
- Condições edafoclimáticas para méis monoflorais e flora silvestre melífera de qualidade e abundante;
- Existência de culturas permanentes com interesse apícola, a nível regional;
- Crescente interesse do consumidor e da indústria ocidental pelos produtos da apiterapia;
- Existência de produtos de uso veterinário homologados para a apicultura, que possibilitam a sua utilização em MPB;
- A aplicação do HACCP permite uma razoável flexibilidade relativamente à utilização de métodos tradicionais e respetivos requisitos estruturais;
- Diferenciação do mel natural como produto de qualidade;
- Potencialidades da UE, maior importador mundial de mel, como nosso parceiro comercial;
- Imagem forte do mel junto do consumidor, como alimento de grande riqueza e pureza;
- Manutenção do Programa Apícola Nacional com apoios ao desenvolvimento das condições de produção e de comercialização no setor apícola.
Ameaças
- Aparecimento de novas doenças nas abelhas;
- Tratamentos pouco eficazes e com custos elevados para o tratamento da varroose;
- Ameaças á sobrevivência das abelhas (ex: pesticidas, Vespa velutina);
- Preços mais baixos do mel de países terceiros;
- Incêndios florestais.
Redes e entidades especializadas na atividade
Associação dos Apicultores do Parque Natural da Serra Estrela
Associação dos Apicultores da Beira Alta
Associação dos Apicultores do Centro de Portugal
Boas práticas identificadas
FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal
Relação com outras áreas e atividades
Preservação da biodiversidade
Aplicação medicinal
Gastronomia
Outros dados de interesse
É um produto que aposta na criação de emprego em meio rural, na preservação ambiental e na economia sustentável.