Produção de mel e outros produtos de montanha

Atividade especifica (serviço ou produto)

Produção de mel para a criação de emprego e inclusão social de pessoas com deficiência.

Objetivo

Comercialização de mel biológico.

Descrição técnica (necessidades / oportunidades identificadas, inovação, processo ou fases de descrição, necessidades de equipamento e instalações, design e marketing de produtos, etc.)

Produção de mel em Modo de Produção Biológico.

Equipamento apícola e manutenção

Para o apicultor

  • Fato de cor clara e máscara, para proteção do corpo e da cara;
  • Luvas de couro ou outro material, para proteção das mãos;
  • Polainitos, para proteção dos tornozelos (ou calçado de cano alto).

Para as abelhas

  • Colmeias e alças, para colocação do enxame e recolha do mel;
  • Fumigador, para controlar a agressividade das abelhas;
  • Raspador, levanta-quadros, garfo desoperculador e escova, para manuseamento das colónias.

Manutenção

Deve-se desinfetar o equipamento:

  • Com frequência;
  • Idealmente entre cada colónia inspecionada, mas pelo menos entre cada apiário;
  • Sempre que se desconfia de uma colónia doente.

A desinfeção, em MPB, pode ser efetuada com:

  • Chama direta ou vapor;
  • Álcool;
  • Imergindo o material em lixívia ou soluções de soda cáustica (hidróxido de sódio).

Gestão da produção em MPB

Procedimentos permitidos

  • Eliminar criação de machos apenas para controlo da varroa.
  • Substituição de rainhas por supressão da antiga.
  • Tratamentos físicos (vapor de água e chama).
  • Uso da própolis, cera e óleos vegetais no interior da colmeia.
  • Uso excecional de cera de opérculos (convencional), sempre que não existir disponível no mercado cera de MPB.
  • Alimentação artificial, mel da UP ou melaços de MPB, em caso de sobrevivência e fora da época de produção.
  • Introdução até 10%/ano de enxames ou rainhas de apicultura convencional.

Procedimentos proibidos

  • Destruir as abelhas nos favos, como método de colheita de mel.
  • Mutilações (corte asas da rainha).
  • O uso de repelentes químicos de síntese.
  • Destruição de machos, exceto como método de controlo sanitário da varroa.

Procedimentos obrigatórios

  • Registar o apiário e colmeias, e informar o OC da sua deslocação.
  • Assegurar a adequada extracção, tratamento e armazenamento dos produtos da apicultura. Registar as medidas tomadas.
  • Registar operações de remoção de alças e extração de mel.
  • Registar o tipo, a dosagem, a data e as colmeias com alimentação artificial.

Controlo da população

Divisão de colónias/desdobramentos

  • Processo simples para aumentar o efetivo apícola em MPB.
  • Para evitar quebras de produção deve ser efetuado duas semanas antes do término da floração.
  • Permite efetuar uma “seleção” de colónias.
  • Contribui para a redução de infestação por varroa em 1/3, na colónia “filha”.
  • Evita a enxameação.

Procedimentos de prevenção e tratamentos de doenças

Medidas preventivas

  • Limpeza e desinfeção dos equipamentos em especial das luvas, raspador e levanta quadros, mediante o recurso à chama, álcool ou a soluções de soda cáustica.
  • Instalação dos apiários em locais ventilados e secos.
  • Colocação das colmeias sobre assentos e com ligeira inclinação para a frente.
  • Limpeza anual dos estrados.
  • Inspeção regular de reservas e postura.
  • Substituição de quadros de cera, no mínimo 20% ao ano.
  • Desdobramento de colónias selecionadas com elevado comportamento higiénico.
  • Evitar a troca de quadros entre colmeias. Nestes casos deve registar-se a origem e destino do material transferido.
  • Remover imediatamente do apiário as colmeias despovoadas e que apresentem sintomas de doença.
  • Incineração de material contaminado.
  • Substituição de rainhas.
  • Diagnóstico anatomo-patológico bianual.

Aplicação de medicamentos veterinários

Medicamentos Fitoterapêuticos e Homeopáticos:

  • É recomendado o isolamento das colónias em tratamento.
  • Requer o registo do medicamento/princípio ativo, das dosagens, das datas de aplicação e intervalo de segurança.
  • Não necessita de reconversão após o tratamento.

Medicamentos Alopáticos de síntese química:

  • É obrigatória a colocação das colónias num apiário de isolamento.
  • Requer a autorização de um médico veterinário.
  • É proibida a utilização como prevenção.
  • Requer o registo do medicamento/princípio ativo, das dosagens, das datas de aplicação e intervalo de segurança.

A re-introdução destas colónias no apiário implica:

  • Substituição de ceras.
  • Período de reconversão das colónias.

Sintomas da varroose

  • Ácaros sobre as abelhas.
  • Criação em mosaico.
  • Abelhas deformadas.
  • Abelhas com asas roídas, no interior e no exterior em redor da colmeia.

Métodos para o controlo biotecnológico em MPB

  • Remoção de criação operculada de machos.
  • Divisão das colónias.
  • Aquecimento da criação.
  • Isolamento da rainha e remoção da criação.
  • Utilização de estrados de rede ou tubulares.

Substâncias permitidas para o controlo da varroa em MPB

  • Ácidos Orgânicos: Ácido Fórmico, Ácido Láctico e Ácido Oxálico
  • Óleos essenciais: Cânfora, Eucaliptol, Mentol e Timol

Extração e comercialização de mel

Parâmetros de qualidade do mel

  • Teor em açúcares
  • Teor de glucose e frutose – mel néctar >60%
  • Teor de glucose e frutose – melada >45%
  • Teor de sacarose <5%
  • Teor de água <20%
  • Condutividade elétrica <0,8 mS/cm
  • Ácidos livres <50 meq/kg
  • HMF <40 mg/kg
  • Índice diastásico >8 na escala de Schade

Acondicionamento e transporte para o local de processamento

O transporte é feito em embalagens, contentores ou veículos apropriados, estando dispensados de os fechar se:

  • Ocorrer entre operadores certificados para MPB.
  • Acompanhado de uma ficha com identificação do operador, do produto e do OC.

O organismos de controlo de ambos os operadores tem de estar informado e autorizar os referidos transportes.

Descrição da unidade

  • Instalações de receção, extração do mel, acondicionamento, rotulagem e armazenamento (antes e depois da extração);
  • Medidas concretas a tomar na unidade para garantir o respeito pelo regulamento de MPB;
  • Medidas de precaução a adoptar para reduzir os riscos de contaminação por produtos não autorizados, bem como as medidas de limpeza a aplicar em toda a cadeia de produção e armazenamento;
  • Procedimentos de transporte de produtos.

Critérios obrigatórios na rotulagem em MPB

  • Código do organismo certificador;
  • Logótipo comunitário;
  • Indicação de “Agricultura União Europeia” quando o produto tem origem na União Europeia.

Esta indicação pode ser complementada ou substituída pelo nome do país. (Deve ser apresentada no mesmo campo visual do logótipo e não pode figurar numa cor, tamanho ou em caracteres mais acentuados que a denominação de venda).

Requisitos normativos

Regulamento (CE) n.º 852/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, que estabelece as regras gerais destinadas aos operadores das empresas do setor alimentar no que se refere à higiene dos géneros alimentícios.

Regulamento (CE) n.º 853/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, que estabelece regras específicas de higiene aplicáveis aos géneros alimentícios de origem animal.

Portaria n.º 699/2008, de 29 de julho, que regulamenta as derrogações previstas no Regulamento (CE) n.º 852/2004, para determinados géneros alimentícios.

Portaria n.74/2014 de 20 de março, prevê a possibilidade de serem concedidas derrogações aos de pequena dimensão e/ou que fabricam produtos com características tradicionais, no que se refe erset aàbs ealneácilmiseesn tos microbiológicas.

Regulamento (CE) n.º 854/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, que estabelece que estabelece regras específicas de organização dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano.

Decreto-Lei n.º 113/06, de 12 de junho, visa assegurar a execução e garantir o cumprimento, no ordenamento jurídico nacional, das obrigações decorrentes desta nova regulamentação comunitária.

Regulamento (CE) n.º 178/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro de 2002, que determina os princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios.

Chaves para a viabilidade económica e fontes de financiamento (incluindo a mobilização de fundos europeus e outras chamadas público-privadas)

Convocatórias de fundos europeus: LIFE, INTERREG

Outro tipo de financiamento disponível: Entidades públicas e privadas ligadas à conservação e recuperação do meio ambiente, associações e empresas.

Análise SWOT

Pontos fortes

  • Percentagem muito elevada de efetivo concentrada num reduzido número de apicultores;
  • Forte implantação regional das organizações de apicultores, existência de técnicos com formação, com vontade de intervir no circuito de comercialização;
  • Excelente potencial natural, elevada rusticidade e adaptação às nossas condições climáticas, da subespécie autóctone (Apis mellifera iberiensis), embora com necessidade de melhoramento);
  • Acréscimo do número de Zonas Controladas, de 14 (2010) para 18 (2015), dos concelhos e do número de colmeias abrangidas;
  • Localização das principais explorações apícolas no interior do país, em áreas pouco sujeitas à pressão humana;
  • Acréscimo significativo da área de culturas e pastagens em MPB;
  • O mel é um produto estável e seguro, fácil de enquadrar num sistema de rastreabilidade;
  • Aumento significativo de licenciamentos de estabelecimentos de extração e processamento de mel;
  • Aumento das centrais meleiras dedicadas à extração, embalamento e distribuição de mel.

Pontos fracos

  • Formação técnica insuficiente, resultando numa deficiente aplicação de boas práticas de apicultura, em todas as fases da fileira;
  • Baixa taxa de profissionalização do setor, uma percentagem muito elevada de pequenos apicultores concentra uma percentagem muito pequena do efetivo;
  • Quase inexistência de maneio sanitário profilático e deficiente maneio terapêutico, com desajuste e incorreção dos tratamentos aplicados;
  • Eficácia de apenas 70% dos produtos homologados para tratamento da varroa (resistências de 30%);
  • Deficiente substituição de rainhas por parte dos apicultores;
  • Aumento da mortalidade das abelhas, sem estarem ainda determinadas as causas exatas (pesticidas, Vespa velutina);
  • Custos de produção da atividade apícola elevados em Portugal (medicamentos, embalagens, gasóleo);
  • Fraca informação ao consumidor e outros agentes do mercado sobre as vantagens do consumo do mel;
  • Não consolidação da imagem de qualidade associada ao mel no mercado nacional;
  • Consumo relativamente baixo de méis DOP e MPB, devido a fatores como uma falta de estratégia de divulgação, prática de preços muito elevados e dificuldades de acesso nos locais de grande consumo;
  • Falta de informação generalizada sobre os processos de criação, registo e reconhecimento de um nome protegido e elevados custos de contexto inerentes aos mecanismos de acompanhamento, garantia, certificação e controlo do mel de qualidade – DOP e MPB;
  • Fraca concentração da oferta – reduzida expressão das organizações do setor ao nível da comercialização e pouca interferência em termos de capacidade negocial;
  • Venda a granel como forma mais frequente de transação, com a consequente perda de mais-valia por parte dos apicultores e das suas organizações (mais valias recolhidas diretamente por redes de embaladores intermediários, exteriores ao setor);
  • Falta de planeamento estratégico e insuficiente conhecimento do mercado;
  • Falta de dimensão/capacidade para acesso a mercados de exportação;
  • O preço do mel na União Europeia depende diretamente das flutuações do preço mundial.

Oportunidades

  • Diversidade climática e orográfica do território, propícia à prática de transumância;
  • Condições edafoclimáticas para méis monoflorais e flora silvestre melífera de qualidade e abundante;
  • Existência de culturas permanentes com interesse apícola, a nível regional;
  • Crescente interesse do consumidor e da indústria ocidental pelos produtos da apiterapia;
  • Existência de produtos de uso veterinário homologados para a apicultura, que possibilitam a sua utilização em MPB;
  • A aplicação do HACCP permite uma razoável flexibilidade relativamente à utilização de métodos tradicionais e respetivos requisitos estruturais;
  • Diferenciação do mel natural como produto de qualidade;
  • Potencialidades da UE, maior importador mundial de mel, como nosso parceiro comercial;
  • Imagem forte do mel junto do consumidor, como alimento de grande riqueza e pureza;
  • Manutenção do Programa Apícola Nacional com apoios ao desenvolvimento das condições de produção e de comercialização no setor apícola.

Ameaças

  • Aparecimento de novas doenças nas abelhas;
  • Tratamentos pouco eficazes e com custos elevados para o tratamento da varroose;
  • Ameaças á sobrevivência das abelhas (ex: pesticidas, Vespa velutina);
  • Preços mais baixos do mel de países terceiros;
  • Incêndios florestais.

Redes e entidades especializadas na atividade

Associação dos Apicultores do Parque Natural da Serra Estrela

Associação dos Apicultores da Beira Alta

Associação dos Apicultores do Centro de Portugal

Boas práticas identificadas

FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal

http://fnap.pt/

Relação com outras áreas e atividades

Preservação da biodiversidade

Aplicação medicinal

Gastronomia

Outros dados de interesse

É um produto que aposta na criação de emprego em meio rural, na preservação ambiental e na economia sustentável.